Tiago Mesquita - Expresso.
8:00 Terça feira, 6 de novembro de 2012
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"Estou farto de ver o país sequestrado por corruptos. Farto de ver políticos a mentir. Farto de ver a Constituição ser trespassada. Farto de ver adolescentes saltitantes e acéfalos, de bandeira partidária em punho, a lamberem as botas de meia dúzia de ilusionistas. Farto de oportunistas que, após mil tropelias, acabam a dirigir os destinos do país. Farto de boys que proliferam como sanguessugas e transformam o mérito em pouco mais do que uma palavra. Farto da injustiça social e da precariedade. Farto da Justiça à Dias Loureiro. Farto dos procuradores de pacotilha. Farto de viver num regime falso, numa democracia impositiva. Farto da austeridade. Farto das negociatas à terceiro mundo. Farto das ironias, da voz irritante, dos gráficos e da falta de sensibilidade de Vítor Gaspar. Farto dos episódios inacreditáveis do 'Dr' Relvas, das mentiras de Passos Coelho e da cobardia de Paulo Portas. Farto de me sentir inseguro cada vez que ouço José Seguro. Farto de ter uma espécie de Tutankhamon como Presidente da República. Farto dos disparates do Dr. Mário Soares. Estou farto de ver gente a sofrer sem ter culpa. Farto de ver pessoas perderem o emprego, os bens, a liberdade, a felicidade e muitas vezes a dignidade. Farto de ver tantos a partir sem perspectivas, orientados pelo desespero. Farto de silêncios.
Farto do FMI e da Troika. Farto de sentir o pânico a cada esquina. Farto de ver lojas fecharem a porta pela última vez e empresas a falir. Farto de ver rostos fechados, sufocados pela crise. Farto dos Sócrates, Linos, Varas, Campos e outros a gozarem connosco depois de terem hipotecado o futuro do país. Farto da senhora Merkle. Estou farto de ver gente miserável impor a miséria a milhões. Farto da impunidade. Farto de ver vigaristas, gente sem escrúpulos, triunfar. Farto de banqueiros sem vergonha, co-responsáveis em tudo, a carpirem mágoas nos meios de comunicação social. Farto de ver milhares de pessoas a entregarem as suas casas ao banco. Farto de vergonhas como o BPN e as PPP. Farto de ver um país maltratar os seus filhos e abandoná-los à sua sorte. E, finalmente, estou farto de estar farto e imagino que não devo estar só."

















A partida de Tavira, a estreia de uma fabulosa e quase desconhecida estrada na Serra da Estrela, a teatral chegada à Covilhã, o almoço em Sabrosa ou o espectáculo final montado em Boticas foram algumas das novidades desvendadas durante a apresentação do 14º Portugal de Lés-a-Lés.
A acção começa cedo, com um madrugador arranque às 6:00 para as primeiras equipas, numa travessia que palmilhará a serra do Caldeirão rumo a um Alentejo escaldante, em dia de milhentas curvas, com paragem para retemperador lanche em Mação. Pausa para recuperar alento, bem importante na demanda da Covilhã, onde, depois de uma primeira abordagem à Serra da Estrela e da passagem pelo centro histórico marcado pela outrora fortíssima indústria têxtil, os concorrentes têm direito à mais teatral das chegadas do Lés-a-Lés. Desafio lançado pela Comissão de Mototurismo da Federação de Motociclismo de Portugal e acolhido com entusiasmo pela Câmara Municipal da Covilhã, que levará os participantes a entrar literalmente em cena, com direito a cortina em espectacular anfiteatro.
Aperitivos apresentados pela organização para um percurso ainda mais recheado de motivos de interesse, verdadeiro caleidoscópio de sensações ao longo de um milhar de quilómetros por algumas das mais belas estradas nacionais, municipais e regionais de Portugal, com menor percentagem de caminhos de terra batida, num evento cujo prémio é o melhor conhecimento de um país verdadeiramente ímpar e surpreendente a cada curva.











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