sexta-feira, 23 de maio de 2008

José Júnior, um erro de "Casting"?



Hoje, numa conversa formal num fórum de amigos e conterrâneos, alguém afirmava que (...) “se fosse hoje, nada daquilo te teria acontecido”!

Pois é, amigo José, nasceste no tempo errado, como se alguém te tivesse perguntado quando te dava jeito para nascer(?)!

Não me contive, despedi-me de todos e desatei a escrever. É o que me proponho fazer em tua memoria, se outras não houver. Não me sinto só neste propósito, outros, maiores do que eu, o fizeram. A tua história interessou-lhes! Disso vou dar conta.

Uma colher, depois outra colher... via-te engolir o caldo ainda morno, lentamente. Tinha sobrado do jantar. A lentidão com que o fazias, dava ideia de que aumentava a sua quantidade ou era já sinal da tua falta de apetite por tudo. Comias depois de todos e adormecias, no colchão de palha enrolado nas mantas, que antes tinham servido de protecção às celas dos cavalos e das éguas ou às albardas das mulas, antes de todos. Cansado, mortificado pela sorte da vida.

Dorido dos dias que levavas, dos molhos de mato que acarretavas, a troco de uma sopa e de um naco de broa, que serviam de “jejua” e de almoço. Dos copos de vinho que viravas de uma vez pelo resto do dia adiante, uns por conta dos molhos que acarretavas, outros por conta do “gozo” que proporcionavas, quando o vinho te turvava o bom senso.

Sim, porque tu também tinhas bom senso! Sentado nas “escaleiras” da palheira naqueles finais das tardes quentes das férias de Verão. Ouvia-te contar histórias de vida, falando das (poucas) alegrias, mas sobretudo dos sofrimentos e dos tormentos que te marcaram numa história de tormentos.

Nunca me saiu da memória a história que me contavas sobre a morte trágica do teu único filho, que tinha o teu nome, José, “o meu Zézito” como sempre o tratavas.
(Continua...)

1 comentário:

Anónimo disse...

não conheço a história do homem. Sei vagamente algumas coisas, por referencia a textos que havia (há) no site da câmara. Ficarei atento à continuação do teu texto.