domingo, 30 de maio de 2010

SONETO

Em memória de Aurélio Cunha Bengala

Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.

Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também faz o pequeno sacrifício
De trinta contos só! por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.

José Régio - 1969

terça-feira, 4 de maio de 2010

Viagem no Tempo!

Viajar no tempo nem sempre é coisa fácil, sobretudo quando o objecto dessa viagem são as nossas próprias memórias. Caminhar por uma memória prospera e desaguar numa realidade decadente, traz-nos angustia e esperança em proporções desiguais... incomodidade conformista. 
Mas... o tempo é inexorável, deixando as suas marcas, a nu, no espaço que nos percorre e envolve.