sábado, 18 de junho de 2011

Atentado Ambiental?

O mundo está de pernas para o ar!
Confesso-me já, para que não residam dúvidas quanto à minha posição, não sou ambientalista militante (daqueles que estão presos a lobbys e fontes de financiamento das suas organizações), sou um ambientalista praticante (daqueles que não cospem no chão, não maltratam os animais e as plantas, que goza com uma bela paisagem, que adora um regato de águas cristalinas, que corre e canta... um bucólico!)

Referindo-me ao documento exarado por reputados técnicos da Universidade de Porto, "Parecer sobre a realização de actividades todo o terreno sobre as escombreiras das Minas da Panasqueira" reafirmo a minha posição de desdém pelo aproveitamento que se pode estar a fazer sobre a interpretação deste estudo, que assenta em bases científicas de reputados técnicos. A primeira pergunta que deve ser colocada é a de saber se a escombreira, onde se realizam as referidas provas, está sob as condições descritas no estudo?

Nasci há 50 anos no Hospital da Barroca Grande e não me lembro de ver, nunca, uma barragem de lamas sustentada pela escombreira onde se efectua a prova (3), as barragens de lama, situam-se no sopé da escombreira (1) em causa para esta iniciativa (3) e está inactiva, ou seja, não está mais a ser utilizada com novas derramas. A nova barragem de lamas (2) situa-se, no extremo do aterro, para trás do saudoso campo de futebol "novo" (4).
1- Barragem Velha, 2 - Barragem nova, 3 - Local da Prova, 4 - Campo da Bola
Parece-me pois, após observação mais exacta dos locais, que atribuir o epiteto "Atentado ambiental?" a uma iniciativa que embora arriscada e feita num local que apresenta inúmeros perigos, é uma actividade radical, é inadequado. Deixaria de o ser (radical) se não tivesse estes requisitos! Agora, a partir deste estudo, afirmar que é esta actividade que põe em perigo a sustentabilidade das lamas, altamente poluentes, é no mínimo ridículo, atendendo a que a movimentação diária de máquinas e de inertes no cimo das escombreiras, que representam milhares de toneladas de deslocação feitas por material pesado,  não são referidas no mesmo estudo.

O perigo ambiental, sempre existiu e, ainda segundo o estudo, o "material inerte perdurará no tempo para bem do ambiente e da sociedade". Portanto, falar de atentado ambiental, neste contexto, é sacrilégio. Afirmar que o evento põe em perigo seja o que for, é uma generalização vaga, uma atoarda.

Devemos fazer uso deste estudo, isso sim, para fazer pressão sobre aqueles que economicamente beneficiaram do "ouro negro" e ali deixaram o lixo, fazer pressão sobre as autoridades que o licenciaram e o oneraram (sabem que a licença que autorizava a BTWltd a fazer derramas no Rio Zêzere teve um custo de umas centenas de escudos, por ano, até há meia dúzia de anos atrás?...). Aqui sim, estamos no "ambiente" certo para assacar responsabilidades e exigir medidas que evitem piores males.

Deixem que os radicais que gostam de gozar nas barreiras do aterro, desfrutem da adrenalina do desafio. Deixem que os que gostam de ser espectadores deste tipo de actividades tenham esse prazer. Deixem que a região se desenvolva à volta de eventos que requerem imaginação e criatividade e trazem visitantes e reconhecimento. Não sejamos nós a destruir a publicidade dos media, que tantos milhões custa a angariar e que, neste caso, foi de custo zero, dando-lhe um efeito contrário ao pretendido.

Sabem que nas escombreiras da Panasqueira houve, recentemente, um incidente grave provocado pelas chuvas? Este estudo também se aplica a essa situação. Mas como o problema não foi mediatizado, está esquecido! Então, aqui fica o link para a página de Cebola, onde foi noticiado para que os referidos técnicos se debrucem sobre ele e encontrem uma solução ambiental sustentável.

Sejamos vigilantes, mas entreguemos a "Carta a Garcia"!

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